sábado, 21 de janeiro de 2012

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração


Esse poema é um dos mais conhecidos de Fernando Pessoa, e que faz referência as suas personalidades,o desdobramento do "eu", a sinceridade do fingimento. Os mais conhecidos heterônimos de Pessoa eram Alberto Caieiro ,Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Fernando Pessoa (o poeta dos heterónimos)




Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
 

Fernando Antonio Pessoa Nogueira é um dos meus poetas favoritos, nascido em Lisboa em 1888,conhecido como poeta da literatura universal foi comparado várias vezes com Luís de Camões.Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O poeta dos escravos

 

 

As Duas Flores

São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez no mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!

 de Castro Alves


Castro Alves foi um importante poeta brasileiro do século XIX ,ele foi um poeta de trasiçao entre o Romantismo e o Parnasianismo.
Eis aqui meu primeiro blog, nele irei demonstrar poemas,poesias,prosas e notícias referentes a literatura mundial. Deleitem-se.





Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão…
Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão…


de Cecília Meireles


Cecília é uma das magníficas escritoras brasileiras,modernista mas fortemente influenciada pelo movimento literário simbolista.No ano de 1939 publlicou o livro Viagem. A beleza das poesias trouxe-lhe um grande reconhecimento dos leitores e também dos acadêmicos da área de literatura ,com este livro, ganhou o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras.